Foto: Microphone - Unsplash
Chegado aqui, com tanta coisa vista, feita, falhada, falada, ouvida, repetida…, chegado aqui, como dizia o outro, o que fazer? Nada? Está tudo feito, dito, visto? Entrámos em modo permanente de déjà vu?
Com tantos amores e desamores, com inícios e fins, esperanças e desesperos, repetidamente tanto que era e agora já não é, expetativas e desilusões, com a memória tão preenchida, como é que posso ser ingénuo (também é bom), intuir além de deduzir? Como estar disponível para me iludir, entusiasmar-me? Ainda posso improvisar?
Felizmente a memória falha, mesmo somando a consciente com a, digamos, inconsciente. A sabedoria acumulada pela experiência está lá (cá), mas deixa lugar à inovação, ao entusiasmo repetido e renovado, à recriação.
Nunca nada é absolutamente igual, as circunstâncias não se repetem (mesmo que tal fosse possível, eu próprio já estou diferente, noutro “sítio”, com outro enfoque, outro olhar). A experiência enquadra-nos, põe-nos em perspetiva, permite-nos perceber o que foi e estar desperto e mais aberto e disponível para o que há de novo.
Humano que sou, experiente de anos passados e vividos que sou, tenho assim o privilégio de melhor poder improvisar, inovar, criar de acordo com as circunstâncias, o momento! Adaptar o modo.
Mesmo quando estamos reduzidos a algo quase que meramente mecânico, há que fazer: 1, 2, 3 – Experiência!
Uma e outra vez. Sempre!
Nada está adquirido, totalmente.
Jorge Saraiva