
Dizia Shakespeare que “somos feitos da mesma matéria que os sonhos”. Isso significa exatamente o quê? Que vivemos à escala dos nossos sonhos? Que sonhamos na exata medida em que existimos? Significa o quê? É a matéria que nos permite sonhar? Ou é o sonho que nos permite mover? Vagueamos em que limbo: cá ou lá? E se cá for lá e lá for, afinal, cá? Dizem-me: “vive ou sonha”. Porquê “ou” e não “e”? Porque tenho de separar o indissociável? Quem agrilhoa o quê em mim? Quem me liberta da dor e me dá ganas de voar? Nas asas do infinito estrelado da minha imaginação, viajo nos meus sonhos. Gosto tanto deles, até mesmo nos dias em que a melancolia não me permite vesti-los de cores garridas. Se tivesse voto na matéria, escolhia ser, a tempo inteiro, matéria dos sonhos. Só e apenas.
Alexandra Vaz