Aprendemos que para haver comunicação é necessário existir um emissor - o que emite a mensagem, e um receptor - o que recebe essa mensagem. Sendo estes dois elementos necessários, não são contudo, bastantes.
O homem é um ser social. Interage com os outros homens e comunica-se de diferentes maneiras. São várias as formas de se comunicar não sendo, por isso mesmo, importante o modo mas, isso sim, que a comunicação se processe com eficácia.
Se a mensagem enviada não for recebida em boas condições, se não estiver contextualizada ou emitida numa linguagem perceptível pelo receptor, então não há comunicação - pior, há desentendimento. Por vezes, uma má comunicação atinge contornos graves, perdas irreparáveis, ou simples constrangimentos difíceis de desembrulhar.
Se o receptor entende, ou sente, a mensagem de forma diferente do seu criador, gera-se uma situação de “mal entendido”, ou “mal emitido” caso se tenha dito, gesticulado ou escrito, algo que não queríamos transmitir. Muitas vezes, desculpas e explicações não são suficientes para nos recolocarmos num relacionamento que se quer são, sem reticências e sem mágoas.
A situação agrava-se se uma e outra parte acham “coisas” acerca do que se disse: “eu acho que o querias dizer, era...”. A intenção era dizer mas não disse?.... Uma comunicação sincera e aberta não pode ser um processo de intenções. Deve dizer-se exactamente o que se quer dizer, e fazê-lo na exacta medida e de forma clara.
Comunicar é muito mais do que uma necessidade básica. Quando comemos estamos a satisfazer a necessidade básica de nos alimentarmos mas também experimentamos prazeres e sensações de agrado à vista ao tacto e ao gosto. Comunicar, é um processo semelhante, é necessário e é bom. Uma boa conversa pode funcionar como uma boa terapia e as alegrias partilhadas são alegrias dobradas.
A comunicação no amor é tão importante que, o início de um relacionamento está muitas vezes aí, na facilidade com que comunicam e na vontade com que o fazem. A falta de comunicação dita, quase sempre, o seu fim.
Vi há dias, num filme, uma mulher explicar ao seu marido a razão da sua infidelidade. Ela acusava-o de não saber comunicar. A falta de comunicação afastou-os e ela tinha conhecido uma pessoa que a ouvia, que lhe falava, compreendiam-se. No entendimento dela, desta proximidade assente na comunicação, tinha nascido o amor.
Os gestores ou os indivíduos com autoridade para contratar, exigem capacidade de comunicar no perfil dos candidatos. Há uma década atrás, esta característica, nem constava na lista de competências dos candidatos; agora lidera a tabela, adiantando-se mesma à capacidade de executar e dominar estratégias e aos conhecimentos profundos em gestão.
Os meios de comunicação evoluíram e diversificaram-se, potenciando a aproximação ao outro mas, será esse o resultado prático dessa evolução?
Não estarão, à medida que os meios evoluem, as relações humanas a caminhar em sentido contrário, arrastando os indivíduos para estados de solidão que, mais não fazem do que aumentar a dor?
Cidália Carvalho
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