3.2.09

 


 


Todos os suicidas estão mentalmente doentes e o suicídio é sempre o acto de uma pessoa psicótica?


 


A visão sobre o suicídio tem-se alterado ao longo dos tempos. E, se em tempos mais recuados como a época medieval, não é possível dizer, com verdade, quantos suicídios ocorreram, é no entanto possível referir os factores potenciadores do acto. 


O suicídio era, para a igreja, o ceder a uma tentação diabólica de terminar com o desespero ou a loucura. Altamente condenado pela sociedade, era penalizado com a confiscação dos bens, e não se realizavam as cerimónias funebres.


A tendência, naturalmente, era para ocultar os actos de suicídio.


Existem alguns registos de pessoas que se suicidaram, mas os números são insignificantes. Jean-Claude Schmitt, em investigações efectuadas, não encontrou mais do que 54 casos em três séculos.


Quanto à tipologia e aos factores potenciadores do suicídio, este era praticado por ambos os sexos e por diferentes classes sociais. Os motivos eram variados: miséria, doença, sofrimento fisico (exemplos: a tortura e o medo do castigo), honra, amor, ciúme...




As razões e a incidência dos factores potenciadores alteraram ao longo dos tempos.


Se em tempos mais recuados, a honra, a tortura e o amor, por exemplo, eram razões bastantes para o suicída, hoje em dia estes factores parecem ter cedido o lugar às questões da saúde: fisica, casos de doenças graves e prolongadas; mental, como a depressão a esquisofrenia e as dependências.


Apesar destas alterações, parece-me errado reduzir os factores predisponentes a razões de ordem mental ou psicótica que, embora predominem, não nos devem distrair dos factores psico-sociais e familiares.


O apoio social ou a falta dele, uma separação que não se quer, a perda de emprego, o luto, familiares e ídolos com história de suicídio, visão de um futuro negativo, privação de liberdade, falta de objectivos e falta de religiosidade, podem criar nos individuos vazios e perturbações existênciais que, não raras vezes, terminam no suicídio.


 


Cidália Carvalho


 

Link deste ArtigoPor Mil Razões..., às 16:08  Ver comentários (5) Comentar

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