
Abro a mala. Está completamente desorganizada. Peças espalhadas, misturadas entre si, numa confusão que revela o meu desleixo. Não me apetece organizar. Aliás, não me apetece. Nada! Sinto-me um caos. Olho em redor e todo o mundo parece estilhaçado. A vontade de fechar os olhos e assim permanecer, é forte em mim.
Olho-me ao espelho. Deixei-me cair nesta trapalhada. Quantas vezes a vontade de fechar os olhos, na esperança que ao abrir tudo está no seu devido lugar. Tudo está correto. Tudo está no sítio. Tudo faz sentido!
Porém, o desalento instala-se. A vontade de me organizar é nula. Quero esquecer, ou melhor, quero avançar para o futuro sem passar pelo processo intermédio. O da organização. Mental! Estalar os dedos e… voilá!
Mas não dá! Estou presa neste vício de olhar para o lado. Ignorar o caos que me rodeia, que não é mais do que um reflexo de mim. Dos meus estilhaços interiores.
Quem é que, em algum momento da vida, não se sentiu assim?
Cecília Pinto