O ano de 2013 entrou de rompante aqui por casa!
O vírus da gripe chegou em força e determinado a ficar por muito tempo, o que me obrigou a uma ida não programada ao Centro de Saúde.
Enquanto esperava pela consulta vi entrar na sala, repleta de utentes, uma amiga que não via há algum tempo.
Estava desolada!
A irmã tinha recentemente perdido o marido, vítima de cancro.
“Foi tudo muito rápido!” – disse-me – “Abriram e fecharam… nada mais havia a fazer…” – acrescentou entre soluços descontrolados.
Infelizmente, uma história como tantas outras.
A minha amiga estava particularmente preocupada com a irmã que, não tendo aceite a situação de início, materializou a sua revolta contra os médicos a quem acusou de nada fazer pelo marido.
E enquanto se perdia numa batalha de papéis e formulários, queixas e reclamações, o marido morria-lhe!
Longe dela… distante do seu coração… e só!
O momento em que recebeu o telefonema do hospital pareceu-lhe uma eternidade e foi como se o mundo explodisse e ela sucumbisse com ele.
Abriu-se-lhe uma ferida no peito, tão grande e profunda que ela se perdeu por lá e por lá ficou!
Esta história deixou-me triste e a pensar na nossa impotência perante estas coisas da vida e da morte.
Convencidos de que somos donos da vida, negamos aceitar que nesta vida tudo é efémero.
Não temos uma vida imensa pela frente, como queremos acreditar.
Tudo quanto temos é tempo!
Tempo para viver, viver bem se essa for a nossa opção, mas nem sempre é.
O tempo é um dos bens mais preciosos de que dispomos e é o único que, quando perdido ou esgotado, não conseguimos recuperar.
Às vezes penso no tempo que já vivi e no tempo que ainda tenho para viver e acabo sempre por chegar à mesma conclusão: não quero chegar ao fim com a sensação de que a vida me passou ao lado, simplesmente porque não me dei conta do tempo que passava por mim!
A propósito desta época menos boa que vivemos, alguém me dizia que sendo tudo passageiro nesta vida, por vezes deveríamos parar para recomeçar, determinados a fazer sempre o melhor de forma a nunca termos motivos para arrependimentos.
Estas reflexões trazem-me à lembrança a história que escrevi há uns anos, por ocasião do Natal, para um livro que oferecemos a amigos e familiares.
“Bolinhas de sabão
A bolinha de sabão perguntou a outra bolinha de sabão:
- Para onde vais? Quero ir contigo!
A outra bolinha de sabão respondeu-lhe:
- Todos me querem seguir… sou o máximo! Vou tentar bater o record de voo das bolas de sabão… vem se quiseres.
Dito isto rebentou.
A bolinha de sabão ficou de boca aberta e, de boca aberta, voou mais alto… até que um pássaro a debicou… rebentou em paz.
Uma outra bolinha de sabão que tinha assistido a tudo, sorriu e exclamou:
- Tudo é efémero! – e rebentou quando o passarinho lhe cagou em cima…”
Cristina Vieira (articulista convidada)