Infelizmente, no mundo que vivemos, a palavra “violência” acompanha a vida de muitas mulheres.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, sete a cada dez mulheres serão agredidas ao longo de sua vida. E não só fisicamente, nem sexualmente, mas verbalmente também, essa violência muitas vezes velada confunde as pessoas.
A grande maioria acredita que agredir uma mulher verbalmente é dizer palavras de baixo nível e coisas ofensivas, mas existe outro tipo de violência, mais silenciosa, que todas as mulheres escutam todos os dias.
Quem nunca escutou: Só podia ser mulher? É coisa de mulher. Ela está nervosa porque é uma histérica, por que contratar se daqui a pouco vai engravidar? E quem mandou usar essa roupa curta? Isso deve ser coisa de mulher da vida... E assim vai, frases soltas, que se dizem todos os dias. As mesmas mulheres decoram o texto e não pensam que estão reproduzindo um padrão machista, quando se referem a outra mulher que não gostam chamam ela de prostituta, vadia, fácil, leviana. Quando fazemos isso, eu também já fiz, repetimos um padrão sexista que determina que existem dois grupos de mulheres, “as de respeito” e as de “vida fácil”.
Está tão presente no nosso dia-a-dia, essa divisão, que sem querer repetimos à exaustão.
Não depende só dos homens parar a violência, depende também de nós mulheres, primeiro quebrando nosso padrão mental, entendendo que estamos muitas vezes repetindo a agressão que recebemos, simplesmente porque não sabemos que é agressão; de pequenas somos acostumadas a pensar em nós como sub-seres, sub-humanos, sem ter nossos direitos respeitados, acreditamos não merecer nada mesmo.
Eu cresci escutando que mulheres são histéricas e dispostas a fazer a vida de qualquer homem um inferno. Mas ninguém me disse que ataques histéricos, ou fazer da vida de alguém um inferno, pode ser uma caraterística humana, não uma questão de gênero. O machismo leva de muitas de nós a noção de quem somos, e dos direitos que nos são subtraídos.
O verbo não é tão inocente assim. Namorados que sempre estão lembrando que erramos muito, ou não somos magras o suficiente, são namorados que estão agredindo.
Mas ele não bateu! Não, ele bateu sim e bateu muito forte, ou alguém aqui nunca ficou magoado com alguma coisa que escutou do ser amado?
Palavras podem não parecer muito, mas são capazes de quebrar barreiras e construir novos mundos. No dia em que o machismo abandone o nosso vocabulário, provavelmente a palavra violência também possa desaparecer.
Iara De Dupont (articulista convivdada)