Este tema veio mesmo em altura certa! Porquê? Porque ao receber a proposta de escrever um pequeno artigo sobre “Intervalo…”, recebo também um convite para fazer esse intervalo, que deveria ser feito sem ser preciso convite.
Estamos demasiado ocupados em ser marido ou mulher, mãe ou filha, irmã ou tia. Em ser empregado ou patrão, ou simplesmente em ser alguém que ocupa o dia de alguma forma, de preferência, lucrativa. E tempo para sermos nós mesmos, indivíduos solitários que têm o seu EU que também precisa de ser alimentado?
A maioria das pessoas afirma que precisa e só se sente bem quando está com a família, com amigos, com a equipa de trabalho ou grupo cultural ou desportivo, esquecendo-se que antes de existir em grupo existe sozinho.
Este intervalo fez-me ter uma semana mais rentável. Como? No dia em que o tema me foi proposto, passou um senhor de carro por mim que me perguntou como se vai para o Furadouro, uma das praias desta zona. À medida que lhe ia indicando o caminho, ia traçando o mesmo na minha mente e o destino final foi a bela praia, uma cómoda esplanada à beira mar e eu a apanhar sol bebendo um simples chá ou cappuccino. Depois de lhe dar as indicações e ele ter seguido o seu caminho, perguntei a mim mesma “Porque não?”, e fui até à esplanada para aproveitar com qualidade o tempo de almoço.
Comecei a escrever este artigo e dei por mim a pensar que deveria fazer esta escapadinha mais vezes. Não como uma rotina, mas em momentos em que tivesse a sensação de estar cansada do que quer que seja, ou até mesmo, antes dessa sensação.
Um simples intervalo de 45 minutos numa semana fez com que eu pensasse em mim, no mar a bater nas rochas ou em nada. Ganhei mais espaço mental, pois de alguma forma este não pensar em nada fez com que limpasse a mente do que tem menos importância.
Com este novo espaço disponível, assuntos diários que pareciam problemáticos, deixaram de o ser ou se continuaram a sê-lo, não levaram a nenhum drama com peso significativo no meu dia.
Parar para rir sozinha, cantarolar uma música, abanar o corpo com qualquer melodia, são pequenos intervalos que agora tento fazer com mais frequência apenas porque me sinto mais saudável e pronta para desempenhar todos os papéis que tenho e gosto de ser diariamente.
Sónia Abrantes