Foto: Games - Jacqueline Macou
Sempre que me sinto muito aborrecida, gosto de brincar comigo mesma e pensar o que eu faria (ou farei) com o dinheiro, se ganhar na loteria. Muito rápido eu percebo que, para ganhar é preciso jogar, mas prometo a mim mesma que amanhã farei a minha aposta e continuo a sonhar. Me perco em pensamentos: onde eu iria comprar a sonhada casa, ou qual seria o modelo do carro que eu escolheria, além das pessoas que eu gostaria de ajudar...
Percebi com o tempo, ser esse um exercício interessante. É apenas uma brincadeira mas me faz refletir sobre quais são as minhas prioridades, meus sonhos. Quais são as minhas apostas, além da lotaria. Percebo também que os sonhos variam. Casa maior ou menor; praia ou no campo; quais pessoas ou causas mereciam mesmo a minha atenção. Essa brincadeira me faz repensar a vida e refletir sobre o que, de facto, me faria feliz. Não sou daquelas que acha que dinheiro não traz felicidade. Acho que ele ajuda e muito. Mas percebo que o que realmente faz diferença é o bem-estar das pessoas que eu amo e com as quais me importo e menos a marca do carro ou a morada. O engraçado é perceber também que, quanto mais dinheiro, mais responsabilidade, mais medo de perder e errar. Também me aborrece perceber que, mesmo que eu tivesse muito dinheiro, há algumas pessoas que são quase impossíveis de ajudar e também há aquelas que talvez nem quisessem...
Quando eu retorno para a minha realidade, depois de imaginar a minha vida após ganhar no euromilhões, percebo que as coisas não são assim tão ruins. Volto aos meus antigos problemas de sempre, mas me livro de alguns. Pode parecer piegas e lugar-comum dizer isso, mas tudo o que realmente importa é termos o essencial para uma vida digna e bastante saúde. O resto é bônus... Certamente daqui umas duas semanas vou começar de novo a fazer planos para, caso eu ganhe no euromilhões, lembrar que eu não joguei, logo devo correr a fazer a minha aposta.
Letícia Silva