Como um minúsculo embrião, um sonho vai crescendo, adquirindo contornos mais precisos, mais concretos, até alcançar configurações de algo que reconhecemos como nosso. Começa como um pequeno desejo, uma ilusão ou uma fantasia, um querer que vem lá do fundo, da alma, do coração, da terra dos sonhos. Querer ser mais, ter mais, poder ser o que não se é, por isso nos deixamos levar, pela brisa suave do sonho. Vivemos o impossível que pode tornar-se o possível, o futuro que pode tornar-se no presente. E assim sonhamos…
Cedo, a mente enche-se de pequenos grandes sonhos e a frase começa sempre com: “Quando for…. vou ser…”. E assim o futuro é uma enorme expectativa que tem como suporte apenas o sonho, da ingenuidade infantil, da revoltada adolescência, da conformidade de adulto. O sonho acompanha-nos, anda de mão dada com as expectativas, com o que esperamos, desejamos e ansiamos ter, ser, dar e conseguir. A viabilidade de alcançar um futuro, concretizar um desejo ou de realizar uma fantasia, mede-se numa balança de dois pratos. Num deles os sonhos; no outro as reais possibilidades de o alcançar. A hipótese do futuro se tornar no presente, e numa recordação do passado, depende dos pesos nessa balança. Quanto maior for o sonho, maior é a probabilidade de se sentir a desilusão a correr nas veias. Quanto maiores forem as reais possibilidades de concretização, maior a probabilidade do sucesso circular pelas nossas artérias.
Constatamos, com tristeza, que o futuro nem sempre, ou quase nunca, se encaixa nos sonhos que tivemos, e de repente as recordações enchem-se de sonhos desfeitos e de vontades e desejos não vividos. Mas quando um sonho se torna numa recordação vivida a vida passa a ter outra valia, surge um novo alento.
Um sonho perdido é uma dor ganha. Um sonho realizado é uma vitória conseguida. Deixar de sonhar é atrofiar as esperanças e as expectativas de ter, de ser, de dar ou de conseguir. Mas se sou capaz de sonhar poderei ser capaz de conseguir, por isso vivo na expectativa de um destes dias conseguir realizar todos os meus sonhos.
Susana Cabral