4.3.11

 

Amigo,

Hoje fiquei aborrecida contigo. Num telefonema em que os nossos pontos de vista (e humores!) colidiram, fizemos questão de dizer um ao outro aquilo que pensávamos no momento, finalizámos a conversa com um azedo “Hoje não estou para te aturar!” e desligamos…

Sei que percebeste que não era bem contigo que estava irritada e, do meu lado, entendi que também tinhas tido um dia difícil. Nas entrelinhas da nossa discussão já tínhamos feito as pazes.

 

A nossa amizade nasceu há vários anos no meio de uma discussão. Eu tinha feito algo de errado mas ninguém à minha volta tinha tido coragem de me confrontar com o meu erro. Lembro-me que na altura vieste ao meu encontro e me deste uma tremenda descompostura. Enquanto falavas e gesticulavas, eu ficava a pensar que, apesar de te conhecer há muito pouco tempo, eras o único amigo que ali tinha. Tu tinhas saído da tua zona de conforto para entrar em conflito comigo, expor aquilo que consideravas o correcto e chamar-me à razão. Mesmo não me conhecendo bem na altura, a forma como falavas comigo revelava preocupação da tua parte.

 

Desde então, o conflito inicial cedeu o lugar a muitos momentos de cumplicidade, lágrimas e risos partilhados, histórias e confidências. Momentos preciosos que nos abastecem a alma de força e energia, que nos dão alento para enfrentar o próximo obstáculo, ou que realçam o sabor das nossas vitórias. Por muito diferentes que sejam, os meus amigos têm a particularidade comum de merecer o meu orgulho e a minha admiração pelo seu modo peculiar de ser. Com todos estes momentos de partilha que a vida nos proporciona, os meus amigos enriquecem-me, fazem de mim uma pessoa melhor e contribuem em muito para a minha felicidade. É graças a eles que para mim a palavra amizade é tão doce.

No teu caso, meu querido amigo, tu confirmas a regra por excelência. Contigo é fácil comunicar, sabes escutar os meus silêncios, ler nas minhas entrelinhas, chegando ao cúmulo de as traduzir para mim.

 

Estou grata por ter um amigo como tu. Aprecio a tua boa disposição e o teu sentido de humor, a tua generosidade e a tua inteligência. A tua amizade é uma dádiva valiosa. Independentemente dos erros que possas cometer, porque tu também os cometes, e por muito que, citando-te, “te dê cabo da cabeça”, sabes que podes contar comigo, mesmo depois da mesma cabeça ter batido contra a parede. Gosto de ti não pelas tuas escolhas mas pela tua essência. Apesar desse teu feitio, da tua irritante teimosia e das tuas ironias que, por vezes, hoje é exemplo, me deixam exasperada, tenho por ti um enorme carinho e admiração.

Sei que este é um sentimento recíproco, gratuito e genuíno.

 

Estefânia Sousa

 

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