Foto: Fist-bump - Miriam Verheyden
Espantoso!
No sentido de dificilmente explicável, muito dificilmente mesmo.
Há coisas, conceitos, que vivem, convivem, connosco no dia a dia, normalmente (como alguém diria, “fazem parte”), quase que desde que nos conhecemos, falamos, pensamos. De tal maneira que nem lhes prestamos atenção.
A força! À força! Não, não se trata da diferença que uma (mera?) cedilha poderia constituir. Trata-se das diferenças, e são tantas, subtis, das subtilezas no significado que há ou pode haver, num simples termo de utilização banal e corriqueira como a força.
Simples, trivial, do dia a dia. Como se define?
Pois é. A começar por o indivíduo ser sujeito ou ator. No primeiro caso será forçado, constrangido, subjugado, enquanto no segundo será dominador, perseverante, através da vontade, conseguirá alterar as circunstâncias, pôr as coisas a mexer.
Pode haver um motivo de força maior que, como sabemos, é um obstáculo intransponível que não posso superar. Ou posso estar a referir-me a uma força pública, essencial para manter a ordem e a segurança.
Também há as forças vivas da região ou as forças do bloqueio, assim como a dita força pública pode descambar ou ser instrumentalizada como força bruta.
É, posso, portanto, ser forçado ou ter a energia, a força de vontade necessária e suficiente para movimentar o que está parado, acelerar o que está demasiado lento, reorientar o que seguia na direção errada.
Parece-me evidenciada a dificuldade em definir uma ideia única que está por detrás da força. Estabelecer facilmente um conceito universalmente aceite e aplicável.
A força pode ter muitas subtilezas que lhe alteram o que queremos em diferentes momentos significar. De subtileza em subtileza podemos estar a ligar, sob a mesma vulgar palavra, polos opostos.
A força precisará de ser amparada pela vontade, pelos valores, pelos princípios. E estes sem ela serão quase que inoperacionais.
O melhor é assumir, pegar nas rédeas, escolher o caminho, a direção, descobrir a nossa força para mover a montanha da vida. Será um trabalho sem fim. Para sempre, mas nosso.
Jorge Saraiva