Foto: Logo – Gerd Altmann
Descobri a dificuldade em encontrar algo na vida, ou no mundo, que seja irreversível, e não encontrei. Num primeiro olhar achamos que a morte e o tempo são irreversíveis. Tudo me surge como sendo reversível em algum momento ou circunstância, o que me proporciona uma sensação de tranquilidade na existência.
Quantos já ultrapassaram o limbo que separa a vida da morte e foram resgatados desse túnel luminoso que dizem conduzir a uma paz eterna! Os fusos horários apresentam-se como uma forma divertida de viajarmos no tempo. Podemos avançar ou recuar no tempo, pelas 24 fatias da Terra, tendo como referência o meridiano de Greenwich. É-nos oferecida a oportunidade de repetir minutos ou horas já vividas, ou a possibilidade de saltar no tempo sem desfrutar desse tempo residente de um qualquer fuso horário do nosso passado.
Quantas vezes no percurso da nossa própria vida, reconhecemos períodos ou fases que nos transmitem a sensação de estarmos a reviver algo que já tínhamos experienciado anteriormente. Como se de uma espiral se tratasse, parece que a vida nos desafia a reexperienciar a mesma situação com uma nova roupagem, talvez com a intenção de nos fazer aprender e evoluir para um patamar acima. Tal como a cadência de noite e dia, a sequência das estações do ano, primavera, verão, outono, inverno, primavera… em que cada instante parece idêntico ao anterior, deixando-nos atordoados nestes movimentos de rotação e translação.
Prefiro encarar a irreversibilidade como sendo uma convenção utópica, castradora de sonhos e de aprendizagens, inibidora do desenvolvimento e da evolução. Porque a vida é feita de avanços e recuos, aprendizagens e repetições, de segundas oportunidades!
Tayhta Visinho