Foto: Happy Girl – Anna Langova
Hoje, dei por mim a fazer um esforço de memória para tentar lembrar-me dos motivos desta última zanga… É ridículo, não achas?
Será que eu me anestesiei ao ponto de já não registar nada, de não sentir mais nada, de simplesmente apagar estes pedaços de vida que tu preenches de negro?
E, vai-se a ver, são pequenos (grandes) nadas, mas que todos juntos, todos os dias, repetidamente, me cansam, saturam, irritam, destroem… Não sei quando me tornei assim, tão amarga…
Discordo! Discordo, porque se até nem pensar nisso, consigo ser feliz, verdadeiramente feliz! Ainda ontem, enquanto estendia a roupa ao som dos clássicos dos anos 2000, longe de todos estes pensamentos, eu cantei, dancei, saltei, senti-me nova, capaz de tudo!
Por isso, não, não sou amarga, tu é que tentas tornar os meus dias assim, mas eu não deixo. Ou melhor, vou deixando… Porque tem que ser…
Mas não sei. Realmente não sei. Quanto tempo mais conseguirei aguentar? Pensando melhor… Até se vai tornando mais fácil, porque agora eu não registo, (quase) não sinto e, na resignação de algo que tem que ser, aceito que nem todos têm que ser sempre e totalmente felizes.
E, colocando tudo em perspetiva, tu podes apenas ser… uma pedra no meu sapato.
Sandrapep