Foto: Daydreaming – Vera Kratochvil
Se há palavra de que não gosto é da palavra “poder” quando é utilizada no sentido de ter o direito de mandar e desmandar em tudo apenas porque se é um ser superior, por qualquer motivo menos ético.
No entanto, se há palavra de que gosto é da palavra “poder” quando a utilizamos no sentido de conseguir força e coragem para alcançar os nossos objetivos sem passar por cima de ninguém, sem ter a necessidade de nos sentirmos mais que os outros.
Quando estou perante alguém que se sente mais e melhor que os outros chego a ter pena dessa pessoa pois dá-me a sensação de que passou por algo que a forçou a ganhar esse poder de defesa do mundo cruel em que vivemos. Ganhou a capacidade de criar em sua volta uma couraça que a faz sentir bem e só o consegue valorizando-se mais a si e desvalorizando os outros.
Já o poder interior que o eleva a um estado de bem-estar consigo próprio, com os outros e com o mundo que o rodeia é algo tão mais raro de alcançar.
Gostaria de ter esse poder um dia…
Poder acordar e sentir-me bem apenas porque acordei…
Poder trabalhar apenas porque gosto mesmo do que faço…
Poder brincar apenas porque nos faz sentir bem e mais próximo dos outros…
Poder rir e sorrir em qualquer lugar apenas porque sim…
Poder chorar quando a tristeza chega sem medo da sua chegada…
Poder amar e dizê-lo sem medo de nada nem de ninguém…
Poder tanta coisa e mais coisas ainda…
Poder adormecer com a cabeça tranquila…
Alguns desses poderes já alcancei, felizmente!
E o mais importante deles todos é mesmo o poder de ter consciência de mim e daquilo que alcancei e sentir-me feliz e realizada por isso, sem ser preciso complicar mais a vida querendo mais e mais…
Poder ser feliz apenas e poder ter esse objetivo como o principal, acordando e adormecendo todos os dias.
Sónia Abrantes