Foto: Girl - FotoRieth
Por várias vezes, nos mais variados contextos, acusaram-me de excesso de zelo. Só não percebo porque o fizeram em jeito de acusação se, para mim, é visto como um elogio. Elogio, sim, pois o excesso de zelo pode ser confundido com a honestidade no seu extremo e a honestidade é uma qualidade. Ou não será?
Talvez seja uma pessoa de extremos e estes são mal vistos por muitos que não aguentam a pressão da responsabilidade de assumir todos os seus atos, de dar a cara por causas em que verdadeiramente acreditam, de ficar na sombra quando é isso que é preciso, mesmo tendo o papel principal em todo o processo e desenrolar da história.
Há quem precise de ficar com os louros, mesmo tendo feito tudo não por mera honestidade e zelo, mas porque tem como objetivo final o seu proveito próprio, nem que seja alimentar o ego e pensar que vai para a cova de consciência tranquila.
A honestidade pode ser confundida também com inocência, por se deixar enganar por outros que se aproveitam do zelo e empenho de uns e daí tirem o seu proveito. Sim, também pode acontecer. Neste caso, opto por manter a honestidade, não à pessoa em si, mas à causa, ao propósito final do que nos é pedido e sugerido fazer e que vemos ser realmente útil e com sentido.
“Mas, eles estão a aproveitar-se de ti!”
E daí? Serão eles a aproveitar-se de mim ou serei eu a otimizar ferramentas para continuar o caminho que escolhi? Deixai-os pensar dessa forma.
Os limites são desenhados por cada um, cada indivíduo escolhe até onde consegue ir.
No final a conversa é entre mim e aquilo em que acredito.
Sónia Abrantes