Foto: Women – Sergey Klimkin
Eu prefiro falar de experiências de cada um. Entendo como fundamental compreender como a pessoa vivencia as experiências, ou seja, a sua verdade das coisas. Inspirei-me um dia quando li Pio Abreu (1997, p. 15) que a determinada altura, afirma que “Para entender o doente (ou outra pessoa) não importa a realidade objetiva, as coisas em si que ele vive e percebe, mas o modo como ele as vivencia, a sua vivência das coisas, a sua verdade sobre o mundo”. Embora ligada à saúde, e de forma particular à saúde mental, aproveitei as palavras colocadas entre parênteses “ou outra pessoa”, de modo a tentar aplicar esta ideia ao(s) meu(s) viver(es). De facto, quando se procura alguém para se falar de um qualquer assunto, (de uma experiência), o que conforta mesmo é que aquilo que se sente, a sua verdade subjacente, seja compreendido nesse encontro.
As experiências são permeáveis a (micro)mundos morais, a (micro)mundos económicos, a (micro)mundos afetivos, a (micro)mundos relacionais e outros (micro)mundos e, por isso, o paradigma compreensivo é aquele que mais informação nos permite obter dessas experiências. Arrisco dizer que no(s) nosso(s) viver(es) essa compreensão só é possível se estivermos atentos a tudo o que nos é fornecido pelo outro, e esta forma de atenção exige habilidade pessoal e clínica. Nesta perspetiva, quando se trata de experiências de doença (às vezes da mesma doença), parece ser importante, investigar que pessoa a doença tem e, nem tanto, que doença a pessoa tem. Compreenderemos melhor aquela pessoa com a sua doença? Não foi intencional escrever sobre doença, mas o pensamento levou-me aqui…
Ermelinda Macedo