Foto: David Gareji - Goda Kupryte
A vingança é um prato que se serve frio. Ou será a confiança…?
Por vezes, a reação a uma situação desagradável é, de imediato, a vingança, mesmo que involuntária e inconsciente. A confiança, por sua vez, só a conquistamos depois de algum tempo a conviver e a viver, a dar provas de que somos de confiança, de que podem contar connosco para aquilo a que nos propomos, mesmo com alguns erros. Nós próprios, apenas desenvolvemos a confiança individual depois de muito trabalhar para isso. Uns, mais facilmente e mais rapidamente do que outros, é certo, mas não é imediato.
Conhecemos alguém e depositamos toda a nossa confiança logo na primeira vez em que nos vemos? Se assim for, teremos também que estar preparados para que corra mal e não considerar muito as desilusões. A confiança ganha-se quando permanecemos coerentes, fiéis àquilo que pretendemos transmitir e realmente ser.
Tenho-me deparado com imagens, primeiras imagens, que induzem a grandes erros. Quantas vezes pensamos que podemos contar com alguém que se apresenta com imensos floreados e depois, na hora certa, depois de muito conviver mas sem provas dadas sobre determinado aspeto, a pessoa falha? Falha, não… Deixou de ser de confiança, ou nunca chegou a sê-lo pois não foi posta à prova antes disso. Não deixamos o prato inicial arrefecer da euforia do início, então todo o calor e ímpeto inicial induzem a grandes erros.
“Nem em mim própria confio, quanto mais…”. Sim, quando estou muito entusiasmada com algo, a vontade é imensa e a energia também, mas ao longo do processo tudo se pode gastar muito depressa. Se se mantiver o mesmo nível, passamos a ser de confiança. Se baixarmos o nível a que nos propusermos, deixamos de ser fiáveis. Como alguém diz por aí: “Keep it simple.”
Sónia Abrantes