Foto: Old-people - Claudia Peters
Neste mundo tão materialista e consumista em que vivemos, tudo parece gravitar na órbita do desejo de beleza, reduzida esta unicamente à sua natureza estética e orientada apenas para uma realidade virtual e superficial que nos absorve e que só alegra os olhos e muito raramente o coração. Dir-se-ia que, para alguns, é esse o desejo que inspira o sentido da vida. Será assim? Não, seguramente!
A beleza não pode ter esse efeito tão redutor da vida. Sabemos quanto ela motiva e entusiasma tanta gente ligada às artes e à literatura como grande fonte de inspiração que é, sem a qual jamais a arte seria concebível sequer. Contudo, mesmo para lá da beleza natural que nos rodeia: do mar, da luz, dos montes, dos animais, dos movimentos e das pessoas, há uma outra beleza mais profunda, mais verdadeira, mais generosa, que muitas vezes é invisível ou está escondida. Trata-se da beleza interior que deve existir em cada um de nós, a única que não precisa de maquiagem e permanece incólume toda a vida, ao invés da exterior e “fabricada” que se esvai com o tempo. Revelada essa beleza interior, ela pode ser o esplendor da verdade, da generosidade e do humanismo sublime, constituindo um autêntico manancial de virtudes por desvendar. É essa sublimada beleza, de glória e de virtudes, que deve ser procurada. Devemos pensá-la assim mesmo, como uma necessidade e como princípio orientador de educação, de fraternidade, de solidariedade e de alegria.
Saber trabalhar e cultivar a beleza interior pode ser o começo para suportar e aceitar com naturalidade o fim da beleza exterior, para mais tarde, no auge da velhice, se sentir feliz e realizado. É assim que, percorrendo esse caminho de virtudes, a vida tem sentido.
José Azevedo