Foto: Business - Public Domain Pictures
Estava um lindo dia de sol, com todas as flores a abrirem coloridas com a chegada da primavera, após longos dias de chuva. As gargalhadas e cantorias dos mais novos eram como melodia que encantava. Os serões a dois, até altas horas, eram a cereja no topo do bolo após longos dias de trabalho a fazer aquilo que se gosta, desta vez rentável, finalmente.
O correio chegou, e com ele a notícia de que o paraíso é só mesmo no céu. A revolta e a dor no peito invadiram o corpo e até agora teimam em não sair. A revolta mistura-se com angústia, com frustração, com vergonha.
A dor, essa, não se mistura com nada, mantém-se ali firme, para relembrar que os dias perfeitos são passageiros ou meras ilusões. Sentir que tudo se fez e se faz para que corra bem, sem magoar ninguém, em palavras ou ações, não vale de nada!
O coração está despedaçado e não é por nenhum desgosto de amor. Ou será?
Com esta dor, o amor próprio não existe. Apetece-me por fim a tudo. Não sei se aguento mais esta queda. Não agora, que parecia estar tudo a correr bem.
Porque me enganas, dor?
Porque sais da minha vida e voltas com todas as forças que tens e me destróis, agora por dentro e por fora?
Sónia Abrantes