Foto: Woman – Public Domain Pictures
Há pouco tempo, numa das tantas viagens pelo mundo imenso que é a Internet deparei-me com uma daquelas frases cliché que toda a gente partilha nas redes sociais: “A falta de responsabilidade de uns acaba por atrapalhar a responsabilidade de outros”. Acabou por dar o mote a este texto. Porquê? Porque há algo, ultimamente, que me tem inquietado o pensamento, fruto também da minha vivência no mercado de trabalho.
Numa vivência em comunidade e em sociedade, como é a nossa, o relacionamento com o(s) outro(s) é fundamental e imprescindível. Mas se assim é, como podem existir pessoas que não se importam com a forma como as suas atitudes, decisões e comportamentos afetam a vida dos que lhe são próximos?
Como pode haver quem consiga deitar a cabeça na almofada, à noite, e dormir descansado e tranquilamente quando, por exemplo, não paga aos seus funcionários? Quando sujeitam os trabalhadores a situações de trabalho precárias, muitas vezes, demasiadas vezes, utilizando o argumento “crise”, que vai servindo para tudo, para justificar uma má gestão e administração? É o vale tudo? Como pode uma pessoa ser tão inconsciente da consciência de outro ser humano?
Pois eu tenho bastante dificuldade em compreender como alguém, que sujeita outrem a tal, consegue conviver consigo mesmo. Continuo a ter dificuldade em compreender como alguém não tem consciência da sua irresponsabilidade perante os outros.
Extra questões laborais: Se a nossa vivência é em comunidade, se vivemos em sociedade, não deveríamos nós olhar mais para o vizinho do lado, para as pessoas que nos rodeiam? Cada um de nós tem as suas responsabilidades, mas muitas vezes esquece-se que a sua (ir)responsabilidade afeta, direta ou indiretamente, a responsabilidade dos outros.
Sandra Sousa